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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Disse que me disse

A divulgação do vencedor do concurso fechado para a construção da nova sede do MIS (Museu da Imagem e do Som) no Rio de Janeiro, mais uma vez fomentou a discussão quanto ao estilo do projeto. O impacto do edifício na paisagem da praia de Copacabana suscitou polêmica – assim como já havia acontecido com a Cidade da Música (Christian de Portzamparc) na Barra e o projeto cancelado do Guggenheim (Jean Nouvel) para o Píer Mauá.

MIS / Scofidio + Renfro / Rio de Janeiro 2009

Scofidio + Renfro
(MIS) empregaram uma linguagem mundialmente consagrada há décadas - a arquitetura contrastante com o entorno. Um dos primeiros a adotar esta postura foi o arquiteto italiano Renzo Piano, em parceria com o americano Richard Rogers, ao vencerem ainda muito jovens o concurso para o Centre Georges Pompidou (Beaubourg) em Paris nos anos 70. Sua concepção industrial com cores fortes inserido no coração do tradicional bairro Le Marais chocou muita gente.
Porém, a arquitetura monumental é importante para a cidade. Ela cria paradigmas, pontos de referências, marca épocas, vira símbolo, e, principalmente, provoca discussões que ajudam a formar opinião e cultura arquitetônica. Toda metrópole possui pelo menos um ícone contemporâneo - muitas vezes redefinindo seu status, colocando-a no mapa mundial, como foi o caso do Museu Guggenheim em Bilbao do americano Frank Gehry.
Nas obras de grande porte existem algumas linguagens predominantes utilizadas pelos arquitetos:

COMPLEXIDADE

O de(s)construtivismo (estilo adotado no MIS e na cidade da Música do Rio) é uma das referências mais fortes na arquitetura mundial. Os austríacos Coop Himmelblau (“Dachausbau” – Viena), ao lado de Bernard Tschumi (Suiço) e Peter Eisenman (EUA) foram os precursores do movimento na década de setenta. O duo ‘complexidade formal E executiva’ só foi viável com a utilização das tecnologias mais avançadas de programas computacionais. Além deles e de Gehry, os principais nomes da atualidade são o polonês Daniel Libeskind (Museu Judaico de Berlim) - que também participou do concurso do MIS -, a iraniana Zaha Hadid (Rosenthal Center of Contemporary Art – Cincinnati) e o escritório americano Morphosis.

Cooper Union / Morphosis / Nova York 2008

O projeto do novo campus da Cooper Union do Morphosis é chocante em relação ao entorno – como se esperaria para uma escola de design – mas é contrabalançado pelo envelope metálico semi-transparente da fachada que traz a paisagem para dentro do edifício.

SIMPLICIDADE
Levando ao extremo o conceito de “menos é mais” do alemão Mies Van der Rohe, ícone do modernismo, o minimalismo é uma linguagem baseada na pureza das formas. Os japoneses são mestres nessa arte e possuem nomes relevantes como Tadao Ando (Igreja da Luz – Osaka), Shigeru Ban (Pavilhão Japonês – Expo 2000), Toyo Ito (Tod’s - Tóquio) e o escritório SANAA.

New Museum of Contemporary Art / SANAA / Nova York 2007

O grupo SANAA utilizou o mesmo recurso das grades de alumínio na fachada do New Museum of Contemporary Art, com um conceito oposto. Sua pele evoca uma pilha de caixas desencontradas numa composição misteriosa, que à noite chega a ser etérea. Este revestimento foi escolhido em função da vizinhança - lojas de supplies para restaurantes – proporcionando um efeito sólido e industrial.
Mas o minimalismo já se propagou pelo mundo e muitos arquitetos ocidentais são defensores deste conceito. Destaque para os Países Baixos, Nórdicos, Ibéricos e Sul-americanos.

SIMPLICIDADE + COMPLEXIDADE
Existe ainda uma linha intermediária, que vem ganhando força. Formas de fácil compreensão, porém com uma complexidade tecnológica e construtiva de última geração. Exemplos não nos faltam desde as olimpíadas de Pequim. O “Cubo d’Água”, como ficou conhecido o estádio aquático de natação (escritório australiano PTW), ou os suíços Herzog & De Meuron (Estádio Olímpico “Ninho de Pássaro” em Beijing, Estádio da Copa da Alemanha “Alianz Arena” em Munique). Os projetos do inglês Sir Norman Foster (Swiss Re Tower – Londres) são caracterizados como High Techs, mas suas formas são altamente legíveis.
Talvez o mais vanguardista deste pensamento seja o holandês Rem Koolhaas. Conhecido também como grande teórico, Koolhaas consegue antes de tudo ser polêmico.

CCTV / Rem Koolhaas / Pequim 2008

O projeto do OMA (escritório liderado por Rem Koolhaas) para nova Sede da CCTV foi uma das primeiras torres a ser construída no novo Centro de Negócios (CBD) de Beijing. Apesar da altura (230m), não é um arranha-céu tradicional - seu desenho contínuo cria uma espacialidade tridimensional, mais do que uma afirmação de verticalidade. A amarração por um grid irregular representa os esforços distribuídos pela estrutura.

SUSTENTABILIDADE + CONTEXTUALISMO
Apesar de tantas linguagens possíveis, duas tendências são comuns a todas:
O grande paradigma da arquitetura hoje é Sustentabilidade. Este ideal tornou-se um pré-requisito para qualquer grande obra. Seja na execução, na economia de recursos dos equipamentos, no uso da edificação, ou mesmo no destino final de suas partes após a destruição. A preocupação com a diminuição do impacto da construção civil sobre o planeta é a principal meta estabelecida para o futuro desde a ECO 92.
Se analisarmos atentamente todos estes projetos, iremos reparar que buscam inspiração, fazem referência ao contexto, à cultura do país, aos materiais típicos da região ou pelo menos a um elemento marcante do local onde está inserida a edificação. É o que chamamos de Contextualismo.

No projeto do MIS por exemplo, os arquitetos defenderam que a forma do museu foi concebida dando continuidade ao calçadão da praia de Copacabana - abstratamente, claro. Na Cidade da Música foi utilizado concreto (típico material da arquitetura brasileira) como padrão, além do edifício ser elevado em relação ao piso e mesclar curvas e retas, numa clara citação às características de nossa linguagem modernista.
Esta busca por um “gancho” virou rotina, tornando-se um artifício comum da globalização - justifica o projeto e contribui para uma leitura artística do espaço. Nos exemplos citados, quase sempre o arquiteto é de um país e a obra de outro. Este intercâmbio proveniente dos meios de comunicação e dos concursos internacionais é essencial para o progresso arquitetônico.

Entre tantos criadores renomados existe um que consegue conjugar estes dois principais conceitos como ninguém. É um mestre no tema da sustentabilidade e é tão contextualista que não somos capazes de identificar facilmente sua obra tão diversificada. Renzo Piano, já citado pelo projeto do Beaubourg, é um verdadeiro camaleão.

Centro Cultural Jean-Marie Tjibaou / Renzo Piano / Nova Caledônia 1998.

No projeto de Renzo Piano para o Centro Cultural Jean-Marie Tjibaou na Nova Caledônia, destacam-se a sensibilidade ao ambiente natural, a capacidade de diálogo social e o respeito intelectual, que se propõem a compreender esta cultura, tão diversa da européia.
Uma reflexão sobre a técnica construtiva e cultura material da habitação Kanak conduziu o mestre a uma morfologia que nos remete às cabanas locais de madeira ripada, aliada ao respeito pela extensa vegetação e superfície líquida do Oceano Pacífico. Claramente o oposto do seu projeto no Marais

Radamés

Modelo em perspectiva do laboratório de informática feito no programa Sketchup.

Planta
Corte lateral
Corte frontal
Vista aérea

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Fique por dentro

Exposição: Urbanismo e arquitetura modernista no Brasil

Se por ventura alguém estiver em São Paulo nessas férias, aproveitem para conhecer um pouco mais sobre a arquitetura moderna do Brasil visitando a exposição "Arquitetura Brasileira: Viver na Floresta" Instituto Tomie Ohtake. A mostra propõe uma reflexão sobre como a arquitetura se desenvolveu inserida na paisagem do país a partir do urbanismo moderno.

Na exposição, trabalhos de Oscar Niemeyer, Lina Bo Bardi, Oswaldo Bratke, João Filgueiras Lima (Lelé), Affonso Eduardo Reidy e Lucio Costa. São projeções, animações, fotos, maquetes, desenhos originais, reproduções cortes e plantas de 84 projetos, que mostram detalhes interessantes do entorno natural das obras, as sombras que as construções elevadas desenham no solo e a criação de espaços internos, de acordo com os preceitos do modernismo brasileiro.

Nome: Exposição Arquitetura Brasileira - Viver na Floresta
Período:
de 15 junho a 1º agosto, de terça a domingo, das 11h00 às 20h00

Cidade: São Paulo

Local: Instituto Tomie Ohtake
Endereço: Av. Faria Lima, 201, Pinheiros - São Paulo (SP)
Entrada gratuita

sábado, 26 de junho de 2010

Visita Inhotim

Beleza e Arte juntos em Inhotim

Inhotim é realmente um lugar maravilhoso onde podemos conferir um conjunto de obras de arte contemporânea, além de esculturas e paisagismo de primeira. So pra citar alguns nomes conhecidos do público estão: Burle Marx, Amilcar de Castro e muito mais.
Em visita às obras expostas, admito que algumas não me impressionaram e me pareceram um tanto quanto subutilizadas. Outras no entanto, me causaram sensações e idéias muito fortes, tais como, SONIC PAVILION do artista Doug Aitken.
Com acesso por uma trilha isolada no meio da floresta e situado no alto de um morro, Sonic Pavilion (2009) é uma construção dentro da qual o espectador ouve uma transmissão contínua de sons emitidos a centenas de metros no interior da Terra e captados por microfones geológicos. A obra examina algo que seria, de outra maneira, imperceptível e deflagra uma situação de diálogo com a natureza.
Aqui, a arquitetura se funde a uma obra de arte invisível que está sempre em transformação, viva e respirando, interagindo com o visitante.

Além das obras, não deixe de ver também as esculturas espalhadas pelo jardim .



Movimento Vaga Viva

A Vaga Viva é uma atividade onde a área destinada para o estacionamento de um carro transforma-se em um espaço público voltado para a convivência, o lazer e áreas verdes. Isso provocará uma reflexão sobre a atual ocupação do espaço urbano da cidade, onde cada vez mais os automóveis vêem roubando o solo urbano para se transformarem em vias, viadutos, estacionamentos e etc.
Esse tipo de ocupação provoca a insustentabilidade da cidade, por conta da impermeabilização do solo, da falta de áreas verdes nas ruas (elevando as temperaturas do ambiente urbano, tornando os espaços desconfortáveis e afastando o convívio entre as pessoas), menos espaços públicos e incentiva cada vez mais o uso do transporte individual motorizado.
Surgida em São Francisco - EUA em novembro de 2005, batizada de Park(ing) Day rapidamente ganhou adeptos da idéia no mundo e no Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba.

Sites oficiais do Park(ing) Day:
reBargroup
Park(ing) Day.Org

terça-feira, 22 de junho de 2010

Vagas Verdes

Imagine se você acordasse um dia e no lugar de carros estacionados tivesse um gramado, com sombra e água fresca?

Pois é, isso acontece todo ano em várias cidades dos Estados Unidos. É o movimento National Park(ing) Day.A idéia é promover espaços abertos e parques, através de intervenções urbano-artísticas.

O vídeo acima mostra os voluntários da Rebar criando um oásis no meio de São Francisco, no ano passado. Aliás, foi nessa mesma cidade americana onde tudo começou, em novembro de 2005. Vagas de carros no centro da cidade foram transformadas em lugares para conversar, ler livro, fazer piquenique....ou para não fazer absolutamente nada!

Outras cidades já aderiram às vagas verdes. Londres, Berlin, Utrecht, Barcelona, Munique e até o Rio de Janeiro. Os cariocas, no ano passado, ocuparam duas vagas durante 10 horas na Rua Senador Dantas, em pleno centro da cidade. Ao som da floresta e do violão, manifestaram-se por cidade mais verde e agradável.

Para pedir por uma cidade com mais espaços, pra você relaxar, basta uma vaga na rua e alguns metros de grama. Veja o passo-a-passo aqui